A Questão do Desemprego e o Seu Impacto nos Jovens

 

A Questão do Desemprego e o Seu Impacto nos Jovens

O desemprego continua a ser um dos maiores desafios económicos e sociais da atualidade, afetando milhões de pessoas em todo o mundo. Em 2025, as taxas globais de desemprego mantêm-se elevadas, especialmente entre os jovens (com idades entre 15 e 24 anos), que enfrentam barreiras como falta de experiência, competências desatualizadas e uma economia em transição para setores mais tecnológicos e sustentáveis. De acordo com dados recentes, a taxa de desemprego jovem global ronda os 13%, o que equivale a cerca de 65 milhões de jovens sem emprego. Na União Europeia, esta taxa é de aproximadamente 14,4% em julho de 2025, enquanto em Portugal, o valor é ainda mais alto, atingindo 18,9% em agosto de 2025. Para contextualizar, aqui vai uma tabela comparativa de taxas de desemprego jovem em alguns países da UE (dados de julho/agosto de 2025):

PaísTaxa de Desemprego Jovem (%)
Portugal18,9
Grécia18,9
Itália18,7
Espanha20,2 (estimativa para Luxemburgo, mas similar para Espanha em contextos próximos)
Média UE14,4


Estes números refletem uma tendência persistente: os jovens são desproporcionalmente afetados pelo desemprego, com taxas que podem ser duas a sete vezes superiores às de outros grupos etários.

Como o Desemprego Afeta os Jovens nos Dias de Hoje

Nos dias de hoje, o desemprego não é apenas uma questão financeira para os jovens; ele tem impactos profundos na saúde mental, na mobilidade social e no desenvolvimento pessoal. Muitos jovens saem da universidade ou formação profissional para um mercado de trabalho saturado, onde a falta de oportunidades leva a subemprego, estágios não remunerados ou empregos precários. Isso resulta em:

  • Problemas de Saúde Mental: O desemprego aumenta o risco de distúrbios mentais, como depressão e ansiedade. Um estudo global indica que uma em cada cinco pessoas desempregadas enfrenta um risco substancialmente maior de problemas mentais. Para os jovens, isso é agravado pela pressão das redes sociais e pela comparação com pares que parecem "bem-sucedidos".
  • Dificuldades na Mobilidade Social: Sem emprego estável, os jovens lutam para alcançar independência financeira, o que atrasa marcos como comprar casa, formar família ou investir no futuro. Nos EUA, por exemplo, a taxa de desemprego para jovens recém-formados é recorde, ampliando o fosso entre gerações.
  • Aumento de NEETs (Not in Education, Employment or Training): Muitos jovens acabam por não estar nem a estudar nem a trabalhar, o que perpetua um ciclo de exclusão. Em 2024, nos EUA, a taxa de desemprego para jovens de 16-24 anos subiu para 9%, com muitos optando por não entrar no mercado de trabalho.

Estes efeitos são exacerbados por fatores como a automação, a inteligência artificial e as transições para economias verdes, que eliminam empregos tradicionais sem criar suficientes alternativas para os inexperientes.

O Papel dos Pais: Co-Financiar Ferramentas de Trabalho, Mas Nem Sempre Basta

Muitos pais veem-se obrigados a co-financiar "instrumentos de trabalho" para os filhos adultos – como cursos de formação, equipamentos tecnológicos (computadores, software), transporte ou até custos com networking e currículos. Isso inclui pagar por mestrados, certificações em competências digitais ou até aluguer de espaços para freelancing. No entanto, muitas vezes isso não é suficiente, pois o problema vai além do investimento individual: o mercado de trabalho não absorve todos os qualificados.

Estudos mostram que cerca de 50% dos pais nos EUA e em contextos semelhantes apoiam financeiramente os filhos adultos, cobrindo despesas como comida, telemóveis, saúde ou seguros automóveis. Quase metade dos jovens adultos recebe apoio financeiro dos pais no último ano, mas isso cria stress nos pais – 69% relatam impacto negativo nas suas finanças pessoais. Em Portugal e na Europa, cenários semelhantes ocorrem, com pais ajustando orçamentos (reduzindo gastos em comida, por exemplo) para ajudar filhos desempregados. O apoio parental pode até diminuir a autoeficácia dos jovens, criando dependência. Apesar dos esforços, sem mudanças sistémicas, esses investimentos não garantem emprego, pois faltam oportunidades e redes.

Isso Não É Nenhuma Tolice: É um Problema Estrutural e Real

Longe de ser uma "tolice" ou exagero, esta situação é um problema sério e bem documentado. O desemprego jovem não resulta de preguiça ou falta de esforço individual, mas de fatores estruturais como recessões econômicas, mismatch entre educação e mercado de trabalho, e desigualdades regionais. Relatórios da OCDE e do FMI destacam que, em 2025, as taxas de desemprego jovem permanecem elevadas mesmo em economias em recuperação, como na zona euro (6,3% geral, mas muito superior para jovens). Ignorar isso perpetua ciclos de pobreza intergeracional e instabilidade social. É uma questão que afeta não só os indivíduos, mas sociedades inteiras, com custos em produtividade e bem-estar.

Alternativas, Meios e Formas de Contornar Isto

Para contornar o desemprego jovem, é essencial uma abordagem multifacetada, combinando iniciativas individuais, empresariais e políticas. Aqui vão algumas alternativas práticas e comprovadas, baseadas em recomendações de organizações como o Fórum Económico Mundial, Brookings e outros:

  1. Promoção do Empreendedorismo Juvenil: Incentive os jovens a criar os seus próprios negócios. Programas de apoio a startups, como microcréditos e mentoria, podem ajudar. Por exemplo, expandir o apoio a micro, pequenas e médias empresas lideradas por jovens, promovendo educação em empreendedorismo. Em Portugal, iniciativas como o Programa Nacional de Empreendedorismo Jovem ou fundos da UE podem ser explorados.
  2. Formação e Aperfeiçoamento de Competências: Invista em educação contínua, como cursos online gratuitos (Coursera, edX) ou programas de upskilling em áreas de alta demanda, como IA, energias renováveis ou programação. Recompensar a educação e formação de competências é chave; governos podem oferecer incentivos fiscais para empresas que treinam jovens.
  3. Aprendizagens e Estágios Remunerados: Expandir programas de aprendizes registados (como nos EUA) ou estágios pagos na UE. Isso fornece experiência prática. Sugestões incluem financiar colégios comunitários e criar "Career Internships" para jovens.
  4. Políticas de Emprego Decente e Serviços de Emprego: Governos devem implementar políticas de trabalho digno, apoiar serviços de emprego (como centros de emprego em Portugal) e fornecer informação sobre oportunidades. Intervenções como melhorias no mercado laboral, incluindo incentivos para impacto social (ex.: empregos verdes), ajudam a conectar jovens a vagas.
  5. Abordagem Sistémica: Foque em cinco elementos interligados: economia (criar empregos em novos setores), educação (alinhar currículos ao mercado), empregabilidade (desenvolver soft skills), empreendedorismo e ecossistemas de apoio. Use tecnologia para matching de empregos, como apps de recrutamento.

Para os pais, uma estratégia é encorajar independência gradual: apoiar financeiramente, mas com metas claras, como procurar qualquer emprego inicial enquanto se qualificam. No final, soluções coletivas – como advocacy por políticas públicas – são cruciais para mudanças duradouras. Se quiseres mais detalhes sobre programas específicos em Portugal, posso aprofundar!



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