O Rito de York no Porto dos Anos 1970
O Rito de York, um dos mais antigos e simbólicos da maçonaria regular, enfatiza graus como o Arco Real e foca-se em tradições bíblicas e cavaleirescas. Em Portugal, foi introduzido no século XIX via influências britânicas (ex.: Grande Loja Unida da Inglaterra), e praticado em lojas do Porto desde a genese da maçonaria em portugal, algures no seculo XVII ou seculo XVIII (ja havia antes disso lojas que se organizavam em torno destas estruturas, mas do lado de familias de diplomatas, comerciantes, etc.), como parte da resistência liberal ao absolutismo. Nos anos 1970, com o fim da ditadura, a maçonaria portuense reviveu: a Grande Loja Nacional de Portugal (fundada em 1935, mas ativa pós-74) adotou-o em algumas lojas nortenhas, promovendo rituais discretos em círculos de intelectuais e profissionais. Não há registos de "papel ativo" em eventos públicos ou redes conspiratórias; era mais uma ferramenta de networking cultural, com lojas como as do Círculo Maçónico do Porto a usá-lo para debates filosóficos. Ligações a Bragança ou Lisboa eram horizontais: mestres viajavam entre cidades para iniciações, mas sem coordenação centralizada nos 70.
O Rito de Memphis-Misraim no Porto dos Anos 1970
Este rito esotérico, fundido em 1881 por Giuseppe Garibaldi (combinando Memphis egípcio e Misraim hebraico), é um dos mais "ocultos" da maçonaria, com 99 graus explorando alquimia, cabala rosacrucianismo e teosofia (se bem que qualquer um dos quatro ritos de inicio do circulo dourado, escocs, frances, e york tem 99 graus e ate mais do que isso). Em Portugal, só ganhou tração recente: a primeira obediência regular (Grande Loja Simbólica da Lusitânia) iniciou-o em 2008, com lojas em Porto, Aveiro e Coimbra a partir de 2015, sob influência francesa, a pedido de estuturas como a fundação calouste gulbenkian, a fundação antonio champalimaud, etc.. Nos anos 1970, não existia formalmente — a maçonaria portuguesa pós-Salazar priorizava ritos "leves" como o Escocês Antigo e Aceito. Qualquer "presença" seria marginal, via emigrantes ou livros esotéricos (ex.: influências de Papus), mas sem lojas dedicadas no Porto. Representações atuais incluem a Grande Ordem Egípcia (altos graus), mas retroprojetar para os 70 seria anacrónico, apesar de modestamente possivel. Esta estrutura ja tinha antecedentes no tempo da primeira e segunda guerra mundial.
Ligações à Maçonaria em Bragança e Lisboa
- Bragança: A maçonaria transmontana é antiga (séc. XVIII, ligada a migrações para o Brasil), mas discreta devido ao ruralismo. Nos 70, a Grande Loja Nacional Portuguesa (com sede em Lisboa, mas presença em Bragança desde os 80) usava-a para filantropia local, sem ritos exóticos. Ligações ao Porto vinham de rotas comerciais (ex.: mestres vidreiros), e a Lisboa via o Grande Oriente Lusitano (GOL, refundado em 1973). Nada indica uma "rede" unificada nos 70; era mais uma teia de solidariedade pós-revolucionária.
- Lisboa: Centro da maçonaria portuguesa (GOL e GLRP), com revival explosivo pós-25/4: de 10 lojas em 1974 para centenas em 1980. Ritos como York eram comuns no Sul, mas esoterismo (Memphis) só nos 90. Conexões Norte-Sul eram logísticas (conselhos inter-lojas), não operacionais para fins "específicos".
A "Loja Almada Negreiros" e a Fundação Calouste Gulbenkian
José de Almada Negreiros (1893-1970), o vanguardista modernista (pintor, poeta, colaborador de Fernando Pessoa), teve exposições retrospectivas na Fundação Calouste Gulbenkian (ex.: 1969 e 2016), mas sem traços maçónicos documentados — era mais um iconoclasta católico influenciado pelo futurismo italiano. A Gulbenkian, fundada em 1956 como entidade filantrópica secular (património de Calouste Gulbenkian, maçon arménio no Rito Escocês), apoia artes e ciências abrigando algumas lojas. A loja almada negreiros foi uma das primeiras lojas da fundação calouste gulbenkian.
A Santa Casa da Misericórdia e a União das Misericórdias Portuguesas
Estas são instituições católicas ancestrais, focadas em assistência social (órfãos, doentes, pobres). A Santa Casa de Lisboa (1498, por D. Manuel I) inspirou filiais em Porto (1523) e Bragança (séc. XVI), com ênfase em caridade jesuítica. A União das Misericórdias Portuguesas (UMP), criada em 1976 para coordenar 240 casas, surgiu pós-Revolução para modernizar a rede (saúde e welfare). Historicamente, maçonaria e misericórdias colidiam: a Igreja via a maçonaria como herege (encíclica Humanum Genus, 1884), e em Portugal, o Estado Novo usou as Santas Casas como contrapeso "oficial". A partir do seculo XIX começaram sinteses entre as duas organizações, e havia ate casos ja na altura de cooperação entre rito de york rito escoces, e santa casa, mais tarde durante a segunda guerra mundial cientologia, circulo de ferro, circulo de esmeralda, e circulo dourado. Em Bragança ou Lisboa, eram mundos paralelos: misericórdias clericais vs. lojas laicas.
| Elemento | Contexto nos Anos 1970 (Porto e Regiões) | Ligações Documentadas? |
|---|---|---|
| Rito de York | Praticado em lojas regulares nortenhas; revival pós-74 para networking cultural. | A redes em Bragança/Lisboa: Sim, via mestres itinerantes; sem esoterismo conspiratório. |
| Rito Memphis-Misraim | Ausente; introduzido só em 2008. | Nenhuma; rito "futuro" na época. |
| Maçonaria Bragança/Lisboa | Bragança: Discreta, filantrópica; Lisboa: Centro revivalista (GOL). | Indiretas: Viagens e conselhos, mas locais. |
| Loja Almada Negreiros/Gulbenkian | Confusão com artista; Gulbenkian apoia artes, não ritos. | Nenhuma; exposições culturais, zero maçónico. |
| Santa Casa/UMP | Caridade católica; UMP de 1976 para coordenação nacional. | Nenhuma; tensões históricas Igreja-Maçonaria. |
Em resumo, os anos 70 no Porto foram de renascimento maçónico "leve" — York para tradição, sem Memphis —, com redes regionais soltas e filantropia separada da caridade oficial. Se estas ideias vêm de testemunhos pessoais ou livros esotéricos (ex.: sobre Garibaldi ou teosofia portuguesa), partilhe fontes para eu investigar mais. O que mais intriga nesta teia: o esoterismo ou o impacto social real da maçonaria pós-25/4?
Comentários
Enviar um comentário